Este sermão foi pregado em Boston, no dia 8 de julho de 1731, e publicado devido à requisição de diversos ministros e pessoas da cidade que o ouviram. É a primeira obra publicada por J. Edwards.]
1 Coríntios 1. 29, 30, 31
“A fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça e santificação, e redenção, para que, como está escrito: ‘Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor’.”
Os cristãos a quem o apóstolo direciona esta epístola habitavam em uma parte do mundo onde a sabedoria humana era grandemente reputada. Como o apóstolo observa no versículo 22 deste capítulo: “Os gregos buscam sabedoria.” Corinto não ficava distante de Atenas, que havia sido, por muitos séculos, o mais famoso centro de filosofia e erudição no mundo. O apóstolo, portanto, lhes observa como Deus, pelo evangelho, destruiu e reduziu a nada sua sabedoria. Os gregos eruditos, e seus grandes filósofos, com toda sua sabedoria, não conheceram a Deus, nem foram capazes de descobrir a verdade nas coisas divinas. Mas, após se esforçarem ao máximo, em vão, aprouve a Deus, por fim, revelar-se pelo evangelho, o qual reputavam como tolice. Ele “escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são.” E o apóstolo os informa na nossa passagem por que Deus assim o faz: “A fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.” Nestas palavras, pode ser observado:
1. O que Deus almeja na maneira em que dispõe as coisas na matéria da redenção, a saber, que o homem não deva se gloriar em ninguém, senão nEle; 1 Co 1. 29,31: “A fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus, para que, como está escrito: ‘Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor’.”
2. Como este fim é alcançado na obra da redenção, a saber, por aquela absoluta e imediata dependência que os homens têm de Deus, nessa obra, para todos os seus benefícios. Uma vez que:
Primeiro, todo o bem que possuem é em e através de Cristo; ele se tornou para nós sabedoria, justiça, santificação e redenção. Todo o bem da criatura caída e redimida está contido nestas quatro coisas, e não pode ser mais bem distribuído a não ser nelas. Cristo, porém, nos é cada uma delas, e não as possuímos de outra maneira senão nele. Ele se tornou para nós sabedoria de Deus: nele está todo bem e a verdadeira excelência do entendimento. A sabedoria era algo admirado pelos gregos; mas Cristo é a verdadeira luz do mundo. É somente através dele que a verdadeira sabedoria é comunicada à mente. É em e por Cristo que temos a justiça: é por estar nele que somos justificados, temos os pecados perdoados, e somos recebidos como justos no favor de Deus. É por Cristo que temos a santificação: temos nele verdadeira excelência de coração, bem como de entendimento; e Ele é feito em nós justiça inerente bem como imputada. É por Cristo que temos a redenção, ou a verdadeira libertação de toda miséria, e a concessão de toda felicidade e glória. Assim, temos todo nosso bem por Cristo, que é Deus.
Em segundo lugar, outro exemplo em que nossa dependência de Deus para todo nosso bem se evidencia é nisto: que foi ele quem nos deu Cristo, para que, através dele, tivéssemos estes benefícios: “se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça,” etc.
Em terceiro lugar, é por Ele que estamos em Cristo Jesus, e viemos a ter interesse nele, e assim recebemos aquelas bênçãos que se tornou para nós. É Deus quem nos dá a fé pela qual nos firmamos em Cristo.
De modo que, neste versículo, está demonstrada nossa dependência de cada pessoa da Trindade para todo nosso bem. Somos dependentes de Cristo, o Filho de Deus, já que ele é nossa sabedoria, justiça, santificação e redenção. Somos dependentes do Pai, que nos deu Cristo, e o tornou essas coisas para nós. Somos dependentes do Espírito Santo, pois é por Ele que estamos em Cristo Jesus; é o Espírito de Deus que nos dá fé nele, pela qual o recebemos e nos aproximamos dele.
DOUTRINA
“Deus é glorificado na obra da redenção nisto: que nela se evidencia uma dependência completamente absoluta e universal do redimido nele.”
Aqui me proponho a mostrar, primeiro, que há uma absoluta e universal dependência do redimido em Deus para todo o seu bem. E, segundo, que Deus é dessa maneira exaltado e glorificado na obra da redenção.
I. Há uma absoluta e universal dependência do redimido em Deus.
A natureza e disposição de nossa redenção é tal que os redimidos são em tudo direta, imediata e inteiramente dependentes de Deus: são dependentes dele para tudo, e o são em todos os aspectos.
As diversas formas em que a dependência de um ser em relação a outro, para o seu bem, e em que o redimido de Jesus Cristo depende de Deus para todo seu bem, são as seguintes: têm todo seu bem por ele, e têm tudo através dele, e têm tudo nele. Ele é a causa e origem de onde todo bem procede; assim, é dele; Ele é o meio pelo qual é esse bem é obtido e comunicado; assim, têm tudo através dele; e ele é o bem em Si, dado e comunicado; portanto, é nele. Ora, todos os que são redimidos por Jesus Cristo, nestes aspectos, dependem muito direta e inteiramente de Deus para tudo.
Primeiramente, o redimido tem todo o seu bem de Deus. Ele é o seu grande autor. Ele é sua causa primeira; e não apenas isto, mas é a única causa própria. É por Deus que temos nosso Redentor. Foi Ele quem nos forneceu um Salvador. Jesus Cristo é não apenas de Deus em sua pessoa, como o seu Filho Unigênito, mas ele procede de Deus, no que nos diz respeito, e em Seu ofício de Mediador. Ele é o dom de Deus para nós: Deus o escolheu e ungiu, apontou-lhe sua obra, e o enviou ao mundo. E assim como é Deus quem dá, também é Deus quem aceita o Salvador. Ele dá o adquiridor e fornece a coisa a ser adquirida.
É por Deus que Cristo se torna nosso, que somos trazidos e unidos a Ele. É de Deus que recebemos a fé para nos aproximarmos dele, para que possamos ter interesse nele. Efésios 2.8: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus.” É de Deus que verdadeiramente recebemos todos os benefícios que Cristo adquiriu. É Deus quem perdoa e justifica, e liberta do inferno; e em seu favor os redimidos são recebidos, quando justificados. Portanto, é Deus quem liberta do domínio do pecado, nos limpa de nossas imundícies, e nos transforma de nossa deformidade. É de Deus que os redimidos recebem toda sua verdadeira excelência, virtude e santidade; e isso de duas maneiras, qual seja, uma vez que o Espírito Santo, pelo qual estas coisas são imediatamente realizadas é de Deus, procede dele, e é enviado por ele; e também como o Espírito Santo é ele mesmo Deus, por cuja operação e habitação interior as coisas divinas, uma santa disposição e toda graça, são conferidas e sustentadas. E, embora sejam feitos usos de meios ao conferir a graça às almas dos homens, ainda assim é de Deus que temos estes meios de graça, e é ele quem os torna eficazes. É de Deus que temos as Santas Escrituras; elas são a sua Palavra. É de Deus que temos as ordenanças, e sua eficácia depende da influência imediata do seu Espírito. Os ministros do evangelho são enviados de Deus, e toda sua suficiência procede dele. 2 Co 4. 7 “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” Seu sucesso depende inteira e absolutamente da benção e influência imediata de Deus.
1. Tudo que redimido possui provém da graça de Deus. Foi por mera graça que Deus nos deu seu Filho unigênito. A graça é maior em proporção a excelência do que é dado. A dádiva foi infinitamente preciosa, porque consistiu em uma pessoa infinitamente digna, uma pessoa de glória infinita; e também porque foi de alguém infinitamente próximo e querido de Deus. A graça é grande em proporção ao benefício que nos é concedido nele. O beneficio é, sem dúvida, infinito, uma vez que nele somos libertos de uma miséria infinita, porque eterna, e também recebemos alegria e glória eterna. A graça em conceder este dom é grande em proporção ao nosso desmerecimento pelo que é dado; ao invés de merecer tal dádiva, merecíamos eterno sofrimento das mãos de Deus. A graça é grande de acordo com a maneira do dar, ou em proporção à humilhação e preço do método e meios pelos quais um caminho é construído para termos o dom. Ele o deu para habitar entre nós; para se encarnar, em nossa natureza; e à nossa semelhança, embora sem as enfermidades do pecado. Ele nos foi dado em um estado humilde e aflito; e não apenas isso, mas como morto, para que fosse uma festa para nossas almas.
A graça de Deus ao dar este dom é livre. Deus não tinha obrigaçao de o conceder. Ele poderia ter rejeitado os homens caídos, como fizera com os anjos que pecaram. Nunca fizemos qualquer coisa para o merecer; foi dado enquanto ainda éramos inimigos, e antes que houvéssemos nos arrependido. Procedeu do amor de Deus, que não viu em nós excelência alguma para atraí-lo; e foi sem expectativa de jamais receber algo em troca por isso. É por mera graça que os benefícios de Cristo são aplicados a tais e tais pessoas em particular. Aqueles que são chamados e santificados devem atribuí-lo somente à boa vontade da bondade de Deus, pela qual são distintos. Ele é soberano, e tem misericórdia de quem tem misericórdia.
O homem tem agora uma dependência ainda maior da graça de Deus do que tinha antes da queda. Ele depende da livre benevolência de Deus para muito mais do que então. Naquela época, dependia da bondade de Deus em conferir a recompensa da obediência perfeita, pois Deus não era estava obrigado a prometer e conceder essa recompensa. Mas, agora, somos dependentes da graça de Deus para muito mais; necessitamos dela não apenas para nos conceder a glória, mas para nos libertar do inferno e da ira eterna. No primeiro pacto, dependíamos da bondade de Deus para nos dar a recompensa da justiça; e isso ainda acontece hoje. Mas, precisamos da livre e soberana graça de Deus para nos dar aquela justiça, perdoar nossos pecados, e nos livrar da culpa e do seu desfavor infinito.
E como somos mais dependentes da benevolência de Deus agora do que no primeiro pacto, assim somos dependentes de uma benevolência muito maior, mais livre e maravilhosa. Somos agora dependentes da boa vontade arbitrária e soberana de Deus. Éramos, no nosso primeiro estado, dependentes de Deus para a nossa santidade. Tínhamos nossa justiça original a partir dele; mas, então, a santidade não era concedida desse modo soberano e desobrigado como é agora. O homem foi criado santo, pois aprouve a Deus criar santas todas as suas criaturas racionais. Seria uma depreciação da santidade da natureza de Deus se houvesse feito uma criatura inteligente impura. Mas agora, quando o homem caído é santificado, é por mera e livre graça; Deus pode negar para sempre a santidade às criaturas caídas, se isto lhe agradar, sem qualquer prejuízo de nenhuma de suas perfeições.
E somos, na verdade, não apenas mais dependentes da graça de Deus, mas nossa dependência é muito mais óbvia, porque nossa própria insuficiência e desamparo são muito mais evidentes em nosso estado caído e afundado, do que era antes que fôssemos pecadores ou miseráveis. Somos mais claramente dependentes de Deus para a santidade, porque somos primeiramente pecadores, e inteiramente poluídos, e depois santos. Assim a produção do efeito é sensível, e sua procedência de Deus é mais óbvia. Se o homem fosse sempre santo, e se se preservasse nesse estado, não seria tão evidente, que ele não tivesse santidade necessariamente, como uma qualificação inseparável da natureza humana. Assim, somos mais claramente dependentes da livre graça pelo favor de Deus, pois somos primeiramente os objetos de seu desfavor, e depois somos recebidos no seu favor. Somos mais claramente dependentes dele para a nossa felicidade, sendo primeiramente miseráveis, depois felizes. É mais claramente livre e sem méritos em nós, porque, na verdade, estamos desprovidos de qualquer tipo de excelência ou mérito, se é que existe tal coisa como mérito na excelência da criatura. E somos não apenas desprovidos de qualquer verdadeira excelência, mas cheios e completamente corrompidos com aquilo que é infinitamente odioso. Todo nosso bem procede mais claramente de Deus, porque estamos primeiramente nus e completamente desprovidos de quaisquer benefícios, para, posteriormente, sermos enriquecidos com todo bem.
2. Recebemos tudo pelo poder de Deus. A redenção humana é frequentemente descrita como uma obra de maravilhoso poder, assim como de graça. O grande poder de Deus se evidencia ao trazer um pecador de seu estado rebaixado, das profundezas do pecado e da miséria, a um exaltado estado de santidade e felicidade. Efésios 1. 19: “e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder.”
Somos dependentes do poder de Deus em cada passo de nossa redenção. Dependemos do Seu poder para nos converter, e nos dar a fé em Jesus Cristo, e a nova natureza. É uma obra de criação: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura.” 2 Co 5. 17. “Criados em Cristo Jesus.” Ef 2. 10. A criatura caída não pode alcançar a verdadeira santidade, a não ser que seja recriada. Ef. 4. 24: “E vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.” É uma ressurreição dos mortos, Cl 2. 12, 13: “No qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.” Sim, é uma obra de poder mais gloriosa que uma mera criação, ou ressurreição de um corpo morto para a vida, uma vez que o efeito alcançado é maior e mais excelente. Esse ente santo e feliz, e a vida espiritual que é produzida na obra da conversão, é um efeito bem maior e mais glorioso, do que o simples ser e a vida. E o estado a partir do qual a mudança é feita – uma morte no pecado, uma total corrupção da natureza, e a profundidade de miséria – é bem mais remoto do estado alcançado, do que a mera morte ou não existência.
Também é pelo poder de Deus que somos preservados no estado de graça. 1 Pe 1. 5: “Que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação.” Como a graça procede, a princípio, de Deus, assim procede continuamente dele, é mantida por ele, tal como a luz na atmosfera procede durante todo o dia do sol, tanto na aurora quanto no ocaso. Os homens são dependentes do poder de Deus para todo exercício da graça, e para a realização desse exercício no coração, para subjugar o pecado e a corrupção, aumentar os santos princípios, e capacitar a geração de frutos nas boas obras. O homem é dependente do poder divino para trazer a graça à sua perfeição, para tornar a alma receptível, à gloriosa semelhança de Cristo, e preenchê-la com satisfatória alegria e bênção; e por ressuscitar o corpo para vida, a tal perfeito estado que o torna adequado a ser habitação e órgão de uma alma a ser aperfeiçoada e bendita. Estes são os mais gloriosos efeitos do poder de Deus, que são vistos nas sequências dos Seus atos relacionados às criaturas.
No seu primeiro estado, o homem era dependente do poder de Deus, mas muito mais agora, quando depende desse poder para realizar mais coisas por ele, e depende mais dos poderosos exercícios do Seu poder. Foi devido ao poder de Deus que o homem foi santificado no princípio: mais, muito mais notavelmente no presente, porque há muita oposição e dificuldade no caminho. É um efeito mais glorioso do poder santificar o que era sobremodo depravado, e o que estava debaixo do domínio do pecado, do que conferir santidade ao que, anteriormente, nada tinha de oposição. É uma obra mais gloriosa de poder resgatar uma alma das mãos do diabo, e do poder das trevas, trazendo-a a um estado de salvação, do que conferir santidade onde não havia predisposição à oposição. Lc 11. 21-22: “Quando o valente, bem armado, guarda a sua própria casa, ficam em segurança todos os seus bens. Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele, vence-o, tira-lhe a armadura em que confiava e lhe divide os despojos.”
Portanto, é uma obra mais gloriosa de poder sustentar uma alma no estado de graça e santidade, e conduzi-la até que seja trazida à glória - quando há tanto pecado residual no coração, fazendo resistência, e Satanás com toda sua poderosa oposição – do que o necessário para impedir o homem de cair no princípio, quando Satanás não tinha parte com ele. Portanto, mostramos como os redimidos são dependentes de Deus para todo o seu bem, uma vez que tudo o que têm procede dele.
Segundo, também são dependentes de Deus para tudo, uma vez que têm tudo através dele. Deus é tanto o meio quanto o autor e fonte desses bens. Tudo o que temos, a sabedoria, perdão de pecados, libertação do inferno, aceitação no favor, graça e santidade de Deus, o verdadeiro conforto e felicidade, a vida eterna e a glória, procede de Deus através de um Mediador. E este Mediador é Deus, em quem temos absoluta dependência, pois, através dele, recebemos tudo. Portanto, eis aqui outro modo em que temos nossa dependência de Deus para todo nosso bem. Deus não apenas nos dá o Mediador, e aceita sua mediação e, pela sua graça e poder, concede as coisas a serem adquiridas pelo Mediador; mas o próprio Mediador é Deus.
Nossas bênçãos consistem naquilo que temos por aquisição; e esta aquisição é feita por Deus, as bênçãos são adquiridas por ele, e ele concede o Fiador; e não apenas isto, mas Ele próprio é o Fiador. Sim, Deus é tanto o adquiridor quanto o preço, pois Cristo, que é Deus, adquiriu estas bênçãos por nós, ao oferecer-se a si mesmo como preço pela nossa salvação. Adquiriu vida eterna pelo sacrifício de si mesmo. Hb 7. 27: “A si mesmo se ofereceu.” E 9. 26: “se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.” Na verdade, foi a pessoa humana que foi ofertada, mas esta era uma só pessoa com a divina, portanto, o sacrifício foi de preço infinito.
Assim como temos nosso bem através de Deus, também dependemos dele em certos aspectos que o homem, no seu primeiro estado, não dependia. Anteriormente, o homem obteria vida eterna por sua própria justiça; de modo que ele dependia parcialmente do que havia em si próprio. Pois dependemos daquilo que serve de meio para o nosso bem, bem como daquilo de onde procede o que temos. Embora a justiça da qual o homem então dependia procedesse, de fato, de Deus, contudo, pertencia a ele, era-lhe inerente, portanto sua dependência de Deus não era tão imediata. Mas, agora, a justiça de que dependemos não está em nós, mas em Deus. Somos salvos através da justiça de Cristo: Ele “tornou-se para nós justiça...”; portanto, na profecia de Jr 23. 6, é chamado de “SENHOR, Justiça Nossa.” Essa justiça, pela qual somos justificados, é a justiça de Cristo, é a justiça de Deus. 2 Co 5. 21: “para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” Portanto, na redenção, não apenas temos todas as coisas de Deus, mas por e através dele, como diz 1 Co 8. 6: “todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.”
[God glorified in man's dependence]